Le Château de ma mère de Marcel Pagnol
Tiragem azul royal,
1.800 exemplares numerados,
O manuscrito inédito de Le Château de ma mère
Um mergulho nos arquivos de Marcel Pagnol
Marcel Pagnol, nascido em Aubagne, deixou arquivos extraordinários ao morrer, em Paris. Seu escritório, localizado no andar térreo do casarão onde então residia, na praça da avenida Foch, permaneceu intacto durante muito tempo: em sua mesa, reinaram por anos a máquina de escrever, a tinta e as penas do membro da Academia Francesa. Em vários cômodos da casa, se amontoavam malas cheias de rolos de filme e montanhas de papel, indo do chão ao teto, como se fossem os baús de um tesouro ainda não totalmente descoberto. Esses arquivos colossais tornaram-se acessíveis graças a Nicolas Pagnol, neto do escritor, a fim de permitir a identificação e a reconstituição do manuscrito do segundo volume das "Memórias da infância": Le Château de ma mère.
Uma caça ao tesouro para recompor o manuscrito
Primeiros rascunhos, manuscritos mais avançados, páginas datilografadas corrigidas à mão... Tivemos primeiro que mergulhar nas milhares de páginas desordenadas e heterogêneas que contêm os arquivos de Pagnol a fim de desenterrar e identificar os fragmentos que compõem Le Château de ma mère. Uma caça ao tesouro que se tornou ainda mais meticulosa ao percebermos que algumas páginas tinham se misturado a cadernos com o título de outras obras.
Após a identificação dos fragmentos, um paciente jogo de montagem tornou possível reconstituir a trama completa do manuscrito, embora o processo de escrita de Pagnol muitas vezes confundisse as pistas: ao contrário do mito, ele não escrevia de maneira contínua. E, ao invés de riscar seus textos, ele os reescrevia incansavelmente, reorganizando constantemente a ordem das frases e dos parágrafos. Existem às vezes três ou quatro versões da mesma passagem. A numeração descontínua das páginas – algumas têm até três números diferentes, outras nem são numeradas – parece testemunhar um longo trabalho de composição narrativa, sem que se possa desvendar todos os seus mistérios.
Esta edição consiste principalmente em páginas manuscritas (cerca de 230) e algumas páginas datilografadas (cercar de 70).
Nos bastidores de Le Château de ma mère
Ao longo dos vários fragmentos que constituem o manuscrito, é a gênese de Le Château de ma mère que se desenrola aos olhos do leitor. O manuscrito está cheio de variações e modificações, inúmeras pepitas que às vezes nunca foram publicadas. É o caso, por exemplo, da "aurore" [aurora] que "éclat[e] comme une grenade mûre" [brilha como uma romã madura] logo no início do livro e que o escritor finalmente excluiu. É também o do "Vent des Dames" [Vento das Senhoras], transformado em "Vent des Demoiselles" [Vento das Senhoritas] no texto final. É, ainda, o caso, na carta de despedida que Marcel dirige aos seus pais na véspera da sua fuga, desta frase tingida de impertinência e que nunca chegou ao conhecimento do grande público: "Surtout, n’en parle pas aux gendarmes: ça finirait par du Tragique Mortel" [Sobretudo, não falem sobre isso aos guardas: acabaria sendo Trágico Mortal]. Por fim, há também raros comentários rabiscados nas margens, como esta inscrição em maiúsculas numa das últimas páginas, aquela em que ele narra o funeral de sua mãe: "PRECIEUX” [PRECIOSO].
Do Château de ma mère ao Château de la Buzine
A caligrafia de Marcel Pagnol parece tão pura e límpida como os muitos cursos d’água que cruzam Le Château de ma mère. O mais importante de todos, o verdadeiro fio condutor da história, é sem dúvida o canal que atravessa quatro castelos até a Treille e em cujas margens Marcel e sua família podem andar graças a uma chave oferecida por Bouzigue, trabalhador do canal. Isso lhes dá um ótimo atalho para a casa de férias, para onde vão todos os sábados. Mas, um dia, um guarda os surpreende em frente a um dos castelos, aterrorizando Augustine, a mãe de Marcel.
“O castelo de minha mãe”, conclui o escritor, é o “castelo do medo” de sua mãe. Mas o que Augustine não imaginava, então, era que seu filho iria adquirir, 30 anos depois, e sem sabê-lo, o castelo que ela tanto temia. Seja como for, esta é a história que ele conta no final do livro: quando se torna um grande cineasta, decide instalar na Provença uma “Cidade do cinema” digna de Hollywood, e compra, em 1941, um domínio por intermédio de um conhecido, sem visitá-lo. E, quando ele passa pelos portões da propriedade pela primeira vez, reconhece "o castelo terrível": o de sua mãe! O castelo do livro seria assim o atual Château de la Buzine, mesmo que não tenha "pelo menos dez andares", como escreveu no famoso relato. Para alguns, Pagnol teria até se enganado de construção: a trajetória do canal de Marselha não corresponde exatamente à do canal no livro. A memória do escritor teria lhe pregado peças? O caminho da Treille continua sendo, ainda assim, um importante local de peregrinação para os amantes de Pagnol.
A fonte da escrita de Pagnol: a Provença
Com Le Château de ma mère, Marcel Pagnol homenageia Augustine, sua "querida mãe", a "única que não blasfemava [suas] queridas colinas". Trata-se também de uma ode à amizade, aquela com Lili des Bellons, o "pequeno camponês" que conheceu durante a caçada matinal que abre o livro: "Lili sabia de tudo; que tempo faria, as fontes escondidas, as ravinas onde se encontram cogumelos, saladas silvestres, pinheiros-amendoeiras, abrunhos, medronheiros…". Foi ele quem ensinou Marcel a instalar as armadilhas para pássaros e quem lhe transmitiu o segredo das fontes: "Porque de uma fonte não se fala a ninguém!", ensinou-lhe, ao contar que o próprio avô morrera antes de revelar a localização de uma fonte mantida em segredo por toda a sua vida... E Marcel retrucou: "Mas nós, [...] nós não sujamos fontes". Uma ode à beleza intocada dessa natureza que tanto inspirou Pagnol?
Disponível na mesma coleção: La Gloire de mon Père
Editado em grande formato
Foram impressos 1.800 exemplares desta edição azul-celeste.
Cada caixa é fabricada à mão.
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